terça-feira, 2 de outubro de 2012

Pedra, és pedro.


Pedra, tu és Pedro
Do arco a aduela
que observa os passantes
aprendizes andantes
Pedro, tu és pedra

Fiel fundamento
alicerce da mente
do chão ao firmamento
pedra fria, pedra quente,

Cingistes minha face,
Pequeno querubin;
Observas vigilante

Áquele errante
 Diz: persevera!

Sede firme, pedro, és pedra.

(S. Chiba)





segunda-feira, 27 de junho de 2011

Trilha 2.0

     




       Saímos de Belém rumo a ilha de Mosqueiro, lá pegamos uma embarcação que nos levou até a ilha de Caruaru, donde iriamos até a comunidade Mari-Mari. Trilha fechada, no inverno molhado Amazônico. O nome da trilha: Olhos d´água, pena que a trilha não existia mais, carvoeiros a destruíram, fomos por uma trilha alternativa, mesmo.
       Guiados por um morador local, um guia mateiro, munido de um facão e descalço nos orientou no terreno ensopado, um misto de folhas, lama, raízes, cobras e formigas. O grande trunfo era não entrar em desespero, ele o velho mateiro estava totalmente zen, contando causos de picadas de cobras e pessoas perdidas na mata. O céu era um mosaico de galhos e folhagem, apenas víamos pequenos fragmentos do céu.
        Neste lugar há uma mística de um tal "pretinho", muito comum nos municípios amazônidas, um pequeno garoto que atacava aqueles que não o reverenciassem, que no caso da trilha, seria tocar em uma pedra no formato de um garoto, e eu, obviamente o fiz. Não por medo, mas por respeito a uma espiritualidade local, sagrada para os moradores e também para os caminhantes da trilha. No final, após três horas de caminhada, famintos, resolvemos pedir pouso na casa de uma velha senhora, que nos acolheu muito melhor do que alguns maitres da alta gastronomia. Pousamos, nos alimentamos e conversamos sobre a fé do povo da floresta, um misto de Cristianismo com entidades locais, que não são demonios ou espíritos, apenas são. Conclusão, todo caminho é sagrado, e é necessário beber de cada fonte, não é uma questão de crer ou não, mas de abrir a mente para um universo diferente, que não é nocivo, pelo contrário, é sagrado.

Nossos amigos locais e minha esposa.


                                                                              (Sic)

domingo, 26 de junho de 2011

Nascido de um post inusitado.

Nascido de um post inusitado.

Um caleidoscópio amador
É isso que é
Eis isto que sou
Era aquilo que vi

Ruas que levam a caminhos
Que levam a jornadas, a rios
de mangueiras molhadas
das lágrimas fiéis

De peregrinos em busca
E ainda, a muita custa
lograr êxito, pelos logradouros
De Belém do Pará.

Seja pela fé
ou pela necessidade,
As luzes da sé
Sempre deixam saudade.

(Sic)

Basilica Santuário de Nazaré



Sicut Lilium Inter Spinas


Sempre que caminho pelas ruas de Belém encontro belas imagens, umas das que sempre chamou minha atenção era o portal de entrada da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, repleta de simbologias denota fortitude e imponência, feita de bronze dividida em quatro partes, cada uma apresenta em seu frontispício várias imagens e inscrições em alto relevo que remetem a Virgem Maria. Eis uma delas:





 A inscrição Sicut Lilium Inter Spinas significa o "Lírio entre os espinhos" e tem inspiração no livro de cânticos 2:2 da Bíblia:

"Eu sou a rosa de Saro, o lírio dos vales. Qual o lírio entre os espinhos, tal é meu amor entre as filhas. Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento; e o seu fruto é doce ao meu paladar"


De acordo com a simbologia cristã o Lírio representa a pureza e a castidade, simboliza também a Imaculada Mãe de Cristo, o "ungido", que o concebeu, de acordo com a mitologia, do próprio Deus.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Trilha 1.0

   

            Realizei certa vez uma trilha, no interior do Estado do Pará. Botas, cantil, faca e um cão muito esperto. Passaríamos de uma fazenda a outra até encontrarmos a nascente de um rio.Saímos assim que o céu clareou, o sol é nosso tempo.
        Logo nos embrenhamos mata adentro, o cão sumia pelas árvores e repentinamente voltava ao nosso lado. Encontramos o primeiro obstáculo, uma descida íngreme e lamacenta, muita dificuldade de transpor, mas foi superada. É necessário respeitar o caminho. Seguimos por um córrego, um raso fio d'água que refrescava nossos pés, mas deixava as botas mais pesadas, ou seria cansaço? 
           A mata tornava-se cada vez mais fechada e iniciava-se então um sentimento de estarmos perdidos. Quatro longas horas de caminhada,  a trilha mudava de extremamente fácil para difícil, de pequenos igarapés a subidas e descidas, quedas espalhafatosas e risadas barulhentas. Encontramos, após certa dificuldade, a orientação de um estranho transeunte, talvez um caçador, a nascente, pequena, singela, pequenos lábios de terra, pedra e água beijando toda uma floresta, abençoando animais e plantas, ali o espírito vivo da natureza nos tocou, assim como o monge Ananda ,discípulo de Sidharta Gautama, o Buda, foi o único a compreender a ação do mestre ao levantar uma lótus para os céus, não compreendemos, contemplamos.
Voltamos da trilha, mas trouxemos ela conosco.

                                                                   (sic)


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Colégio 1.0

  


  945 minutos semanais me colocam em contato com cerca de 700 pessoas, de idades e culturas diferentes, o oficio: aprender. Isto não é um poema.
             O vocábulo aluno, do latim "sem luz" não exprime a relação que existe entre as pessoas da turma e o professor, que ao contrário de sua etimologia compreende muita luz, troca de luz, de razão, de conhecimentos, de emoções.
                    Os menores, sempre eufóricos, disputam a atenção, não lutamos (quase sempre) pela a atenção, temos que dividi-la. Os jovens jovens (leia-se adolescentes) já se expressam de formas um tanto não casuais, as vezes já esperada, outras vezes totalmente inusitadas.
                               Repensei a educação, critiquei a falta de atenção, e no final acabei esquecendo a lição: O tempo não pára. Mas que experiência profissional ganhamos, acima de tudo, algo que sempre falo para meus amigos: Bagagem. E no fim de uma intercessão há sempre aquela mensagem: Continue a viagem.

(sic)


Sr ponteiro





Essa compulsão ainda vai matar, as horas...
Que vagam sozinhas para qualquer lugar,
Quem mudam as faces, belas, assombrosas
Que olhando o infinito, vêem o espelho quebrar.

Mas que mal soneto do tempo tu lês
Sem inspiração, apenas ludicando a realidade
Sem charuto cubano ou parfum francês
As palavras combinam: tempo e felicidade

Mas que experiência que tens
Se a cada segundo um mistério surge
Ao compasso do alaúde, do arquiteto trovador

Mas quando questiono o ponteiro: Não vens?
Escuto a resposta indigna: O tempo preciso urge .
Para mim e para o senhor também.


Mas o tempo deste terceto 
finda sem ter começado
Porque a inspiração é rápida, o poema está acabado.

(sic)

domingo, 19 de junho de 2011

Paradoxição.

         


          Conheci certa vez um tal poeta, sem tinta, sem pena, vagava de um lado a outro, sem vida, sem venda, enxergava pouco, talvez um palmo a sua frente, era pobre, sem vintém, sem ninguém, mas se dizia alguém, conhecedor de algo, parco, escuso, usava como escudo, uma personalidade vazia, cheia de idéias, esquecidas.
       
          Conheci certa vez um profeta, sem tenda nem lenda, não sabia o futuro, nem tinha uma meta, seta sem direção, caminho sem coração, como pode perdurar em fatal erro, tão sábio, tão leigo, do sagrado latim poucas palavras balbucia, mal sabe o adivinho, que sua previsão é lenta, e por mais que erre, admiro, sempre tenta.

          Conheci certa vez um tal pedreiro, que sem saber do próprio paradeiro, se perdeu no caminho, no ninho de um furacão, se afogou em um copo de lágrimas, e se embebedou de amarguras, lá bêbado, pensou ser feiticeiro, que nada, ficou louco, mártir matreiro, acordou de ressaca, no canteiro.

        Conheci um certo ser, que cansado de apenas ser, resolveu ser, aquele que um dia sempre quis ter, lembrou que quando se é, e não ser é,não saber, mas se sabe, é simples é só ser, mas seja o que for,
seja o que bem entender, o que bem querer, ser.
                                                                                                 (sic)

Maestro sala



Um misto de maestro e mestre sala
Ou será de mestre-sala e maestro

Que com a batuta abre alas para os versos
Quiçá um poeta vagabundo

Com a pena escreve monolíticos verbetes
incompreensíveis e nauseabundos

Desce a avenida, da rua, até a esquina
pra tomar um cafezinho e reger o seu dia.

A tarde volta a labuta, e bamba, não cansa, vai a luta.
Corre de lá até aqui, explode de um ponto a outro

Como o universo em expansão ele sapateia,
a mente que orquestra, vagueia
em meio ao carnaval, banal, do dia-a-dia.
                            (sic)

sábado, 18 de junho de 2011

O malandro e o Otário


Já dizia o velho mestre:

"O mal do malandro é pensar que todo mundo é mané"
Na verdade pensa assim quem quer
A cultura cria natureza, e qual a tua?

Do vil trapaceiro não fica lição.
Quem estuda aprende,
Quem gazeta não.

Querendo ganhar salário
Esquece o otário:
Se não trabalhar não ganha não.

E se a sabedoria dos velhos
é arcaica demais

Fica a mensagem

Malandro é malandro
Mané é mané.

Malandro de verdade, não é malandro
Até porque ninguem sabe quem é
Malandro se esconde
Malandro, meu amigo, não usa boné.
(sic)