segunda-feira, 27 de junho de 2011

Trilha 2.0

     




       Saímos de Belém rumo a ilha de Mosqueiro, lá pegamos uma embarcação que nos levou até a ilha de Caruaru, donde iriamos até a comunidade Mari-Mari. Trilha fechada, no inverno molhado Amazônico. O nome da trilha: Olhos d´água, pena que a trilha não existia mais, carvoeiros a destruíram, fomos por uma trilha alternativa, mesmo.
       Guiados por um morador local, um guia mateiro, munido de um facão e descalço nos orientou no terreno ensopado, um misto de folhas, lama, raízes, cobras e formigas. O grande trunfo era não entrar em desespero, ele o velho mateiro estava totalmente zen, contando causos de picadas de cobras e pessoas perdidas na mata. O céu era um mosaico de galhos e folhagem, apenas víamos pequenos fragmentos do céu.
        Neste lugar há uma mística de um tal "pretinho", muito comum nos municípios amazônidas, um pequeno garoto que atacava aqueles que não o reverenciassem, que no caso da trilha, seria tocar em uma pedra no formato de um garoto, e eu, obviamente o fiz. Não por medo, mas por respeito a uma espiritualidade local, sagrada para os moradores e também para os caminhantes da trilha. No final, após três horas de caminhada, famintos, resolvemos pedir pouso na casa de uma velha senhora, que nos acolheu muito melhor do que alguns maitres da alta gastronomia. Pousamos, nos alimentamos e conversamos sobre a fé do povo da floresta, um misto de Cristianismo com entidades locais, que não são demonios ou espíritos, apenas são. Conclusão, todo caminho é sagrado, e é necessário beber de cada fonte, não é uma questão de crer ou não, mas de abrir a mente para um universo diferente, que não é nocivo, pelo contrário, é sagrado.

Nossos amigos locais e minha esposa.


                                                                              (Sic)

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