Realizei certa vez uma trilha, no interior do Estado do Pará. Botas, cantil, faca e um cão muito esperto. Passaríamos de uma fazenda a outra até encontrarmos a nascente de um rio.Saímos assim que o céu clareou, o sol é nosso tempo.
Logo nos embrenhamos mata adentro, o cão sumia pelas árvores e repentinamente voltava ao nosso lado. Encontramos o primeiro obstáculo, uma descida íngreme e lamacenta, muita dificuldade de transpor, mas foi superada. É necessário respeitar o caminho. Seguimos por um córrego, um raso fio d'água que refrescava nossos pés, mas deixava as botas mais pesadas, ou seria cansaço?
A mata tornava-se cada vez mais fechada e iniciava-se então um sentimento de estarmos perdidos. Quatro longas horas de caminhada, a trilha mudava de extremamente fácil para difícil, de pequenos igarapés a subidas e descidas, quedas espalhafatosas e risadas barulhentas. Encontramos, após certa dificuldade, a orientação de um estranho transeunte, talvez um caçador, a nascente, pequena, singela, pequenos lábios de terra, pedra e água beijando toda uma floresta, abençoando animais e plantas, ali o espírito vivo da natureza nos tocou, assim como o monge Ananda ,discípulo de Sidharta Gautama, o Buda, foi o único a compreender a ação do mestre ao levantar uma lótus para os céus, não compreendemos, contemplamos.
Voltamos da trilha, mas trouxemos ela conosco.
(sic)
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