domingo, 19 de junho de 2011

Paradoxição.

         


          Conheci certa vez um tal poeta, sem tinta, sem pena, vagava de um lado a outro, sem vida, sem venda, enxergava pouco, talvez um palmo a sua frente, era pobre, sem vintém, sem ninguém, mas se dizia alguém, conhecedor de algo, parco, escuso, usava como escudo, uma personalidade vazia, cheia de idéias, esquecidas.
       
          Conheci certa vez um profeta, sem tenda nem lenda, não sabia o futuro, nem tinha uma meta, seta sem direção, caminho sem coração, como pode perdurar em fatal erro, tão sábio, tão leigo, do sagrado latim poucas palavras balbucia, mal sabe o adivinho, que sua previsão é lenta, e por mais que erre, admiro, sempre tenta.

          Conheci certa vez um tal pedreiro, que sem saber do próprio paradeiro, se perdeu no caminho, no ninho de um furacão, se afogou em um copo de lágrimas, e se embebedou de amarguras, lá bêbado, pensou ser feiticeiro, que nada, ficou louco, mártir matreiro, acordou de ressaca, no canteiro.

        Conheci um certo ser, que cansado de apenas ser, resolveu ser, aquele que um dia sempre quis ter, lembrou que quando se é, e não ser é,não saber, mas se sabe, é simples é só ser, mas seja o que for,
seja o que bem entender, o que bem querer, ser.
                                                                                                 (sic)